quinta-feira, janeiro 27, 2005

Barco, Barquinho...

Barco que andas no mar
Ajuda-me a entender
A gentes, o tempo e o vento
Ajuda-me a ir e a ver.

Barco que navegas aĂ­
Leva-me numa viagem
Ajuda-me a nĂŁo naufragar
E a chegar Ă  outra margem.

Barquinho de papel
Vem ver o meu parecer
Vem ouvir a minha histĂłria
Ajuda-me a crescer.

Barco com pernas humanas
Acompanha o meu brincar
Ajuda-me a entender
A ir e a voltar

Barco que devaneias
NĂŁo me metas na confusĂŁo
SĂŞ com o meu pensamento
Lê este meu coração.

aster

domingo, janeiro 23, 2005

Mil Janelas

Mil janelas caiadas
EstĂŁo dentro do meu peito
SĂŁo janelas fechadas
São vidraças desgastadas
Paisagens sem jeito...

SĂŁo mil janelas brancas
No lugar do coração
Janelas sem esperanças
De saudades mortas tantas
As mil janelas no chĂŁo

Janelas Ă© o que tenho aqui
Tudo o que tenho sĂŁo delas
Com vistas que eu nunca vi
Paisagens que nunca senti
Sozinhas, tristes e belas.

aster

O SilĂŞncio...

Num emaranhado de palavras
Surge o silĂŞncio
É a palavra sem som
Que vibra sem se sentir
É uma nota sem som
É uma boca a sorrir.

Neste livro que hoje leio
Faltam as palavras, amor!
Tudo o que existe Ă© a imagem
Do teu abraço apertado
Em que Ă©s mais que miragem
Ou sombra do meu passado.

É o silêncio de quem ama
Sem querer assim o coração
É a palavras silenciosa
Nos lábios de quem a não diz
É a vontade teimosa
De viver e de ser feliz...

aster

Ouve amor!

Ouve amor!
Quando me beijas
O mundo fica suspenso
A terra fica colada ao céu.
Quando me tocas
Tudo o que eu sou
És tu e é teu...
Ouve amor!
Quando sinto a tua mĂŁo
O mar mistura-se
Com a areia
Numa relação proibida,
IlĂ­cita, arriscada
São um só em maré-cheia...
Ouve amor!
Quando vejo o teu sorriso
O vento sopra no deserto
E dorme no seu regaço...
Calmamente fecho os olhos
E adormeço também
No calor do teu abraço...

aster

sábado, janeiro 22, 2005

Lembro...

Lembro-me dos tempos passados
Fico-me num pranto profundo
Ouço os soluços abafados
Que parecem ser maiores do que o mundo.

Lembro-me da gente que sente
Do azul que tinha o céu então
Agora tudo parece que mente
Já ninguém tem lá dentro o coração.

Pergunto-me o que me fez ficar
Por que nĂŁo fui com os que foram
Tento a minha alma confortar
Com lagrimas que dos olhos caĂ­ram.

E sinto o peso do mundo em mim
Sinto que está cru e sem sabor
Quando terá o pesadelo fim?
Quando virá enfim o amor?

aster

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Tudo Isto que Aprendi

Tudo isto que aprendi
Foi nĂłdoa que conheci
Pelo triste caminhar...
E p´ra dizer a verdade
Já não tenho a vontade
De um dia cá voltar...
És o passado que espera
És a dor que desespera
És tudo o que não é meu.
És paixão que desatina
És a água cristalina
Que no monte se perdeu...
Secas o meu sentimento
Peço-te mais um momento
Para poder entender...
Reconheço que errei
Mas sĂł a ti te mostrei
O que nĂŁo pudeste ver...
E agora fico assim
Ă€ espera do teu fim
Serás meu quando findares...
Enquanto vivo estás
Eu morro no que me dás
Sem tu te acreditares...

aster

Quem Ă©s?

Essa tua forma de ser
NĂŁo me deixa compreender
Se me dizes a verdade...
O que queres tu de mim?

Tu nĂŁo me deixas falar
Nem se quer explicar
NĂŁo vĂŞs a realidade...
Quando é que isto terá fim?

Esse olhar, esse sorrir
Podem o mundo colorir
SĂł de puro sentimento...
És lua, sol ou estrela?

O que tens, isso Ă© teu
Tudo o resto se perdeu
NĂŁo vale a pena o lamento
A vida já não é bela...

aster

Aroma Fresco de Dezembro...

Aroma fresco de Dezembro
Trazes o cheiro da saudade,
Cheiro do choro e do alarido
Afastas e pendor da verdade.
Esse aroma faz-me pensar
Em estar desperta e rever
Tudo o que Ă© vida,
Tudo o que Ă© estar,
O que Ă© ganhar e perder.
Aroma fresco de Dezembro
Tanta falta de quem não está
As lágrimas e as fontes,
A água com sal
Que dos olhos brota
Que esconde o mal
Ajuda-me, aroma, a encontrar
O perdido que está
O achado que nĂŁo vem...
Ajuda-me a procurar
O pensamento deserto,
O cantar desatinado,
O viver no encoberto.
Aroma fresco de Dezembro
Faz-me perceber o olhar
O mar, a terra, a chuva
O cheiro que vem no ar...

aster

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Sou...

Sou suspiro abafado,
Sou lembrança do passado
E o que faço aqui?

Sou um segundo no tempo,
Sou uma gota, um momento
Onde foi que me perdi?

Caminho sobre a calçada,
Na alma nĂŁo trago nada
Está vazio o coração.

Dou passos desalinhados.
Lembro mil beijos trocados,
A imagem duma paixĂŁo.

Já nada tenho a perder,
Isto já não é viver
Sou um pedaço de mim.

No corpo que nĂŁo Ă© meu,
Sou alma que se perdeu
Sem princĂ­pio, meio ou fim...

aster

Beijo

Dá-me só mais esse beijo
Esse beijo sem sabor
Talvez me faça lembrar
O que Ă©, afinal, o amor.

Mais um beijo, eu imploro!
E esse beijo sem alma
Talvez me faça lembrar
A tua fogueira sem chama.

É um beijo o que eu te peço
SĂł isso quero de ti
E nesse beijo espero
Lembrar o que já esqueci.

Dá-me esse beijo fugaz
Que dura sĂł um momento
Nada mais te vou pedir
Um beijo sem sentimento...

E esse beijo vai ser
SĂł o que tu me vais dar
Depois do beijo mais nada,
Mais nada te vou tirar.

aster

Procuro...

Procuro encontrar
Uma forma, um lugar
De deixar esta dor
Que causa a falta de amor.

Procuro ser e atingir
Um sĂ­tio perto do mar
Onde possa pedir
Para a minha força voltar.

Procuro ser e conhecer
Um mundo amargo e cruel
Quero cada dia aprender
Que a vida nĂŁo Ă© sĂł mel.

Procuro nadar e buscar
Aquilo que ainda nĂŁo tenho
Quero, também, encontrar
Um mundo que seja mais terno.

Procuro compreender e amar
Aquilo que nĂŁo pode ser compreendido
Aquilo que nĂŁo pode ser amado
Aquilo que nĂŁo pode ser vendido!

aster

terça-feira, janeiro 18, 2005

Amor...

Minhas palavras nĂŁo ditas, amor
Relembra agora,
Meus suspiros engolidos
Escuta agora,
Meus beijos guardados
Recebe agora
E tudo o que eu sou, amor
Pega e leva agora
NĂŁo te lembres de pousar
NĂŁo te canses de levar.
Minhas frases mal ditas, amor
Esquece agora,
Meus actos cruéis e duros
Ignora agora,
Minhas ansias guardadas
Desperta agora
E tudo o que te alegra emmim
Pega e leva agora
NĂŁo te lembres de pousar
NĂŁo te canses de levar.

aster

segunda-feira, janeiro 17, 2005

ImpossĂ­vel...

Anseio pelo impossĂ­vel
Por aquilo que não há,
Por um amor prometido
Por um sentimento esquecido...
Que batalha sem perdĂŁo
Na guerra do tudo e do nada
Na batalha das memĂłrias
Na lida da vida e da morte,
Da razĂŁo e da sorte.
Luto por causas perdidas
Sei que nĂŁo vou vencer
Luto por coisas vendidas
Por pessoas sem um ser
Ando aqui neste enlace
Nesta vida de mentiras
Que Ă© uma verdade sĂł
Abro os olhos e vejo o que há
No meu coração há um nó,
Na minha alma esta o laço...
Tudo se encaixa
Ă€ medida que penso
E volto a pensar no mesmo
A verdade está lá
PercebĂŞ-la Ă© o desafio!

aster

domingo, janeiro 16, 2005

Flor de Inverno

Flor de Inverno
Que cresces por entre as pedras
Vê este meu coração,
Ouve esta minha oração
Que todos em toda a parte
Possam ver assim
Uma flor a crescer
Que todos possam assim
Ver a Natureza a viver
Que todos possam achar
A beleza simples
Do sorriso duma pequena flor
Que todos possam ter
Uma flor como confidente
Como eu tenho esta flor
Esta minha flor de Inverno

aster

Noite Eterna

Mais uma hora passou
E nada para fazer
Tédio é só o que há
O que envolve todo o meu ser!
TĂ©dio e solidĂŁo
SolidĂŁo de nĂŁo te ter...
Se ao menos visse na noite
A pureza de um luar
Mas sĂł a escuridĂŁo sombria
Brilha na noite
Sem luz e quieta.
Somente vejo o nada...
O vazio percorre-me
Sem como nem, porquĂŞ
Sem donde nem para onde
Sem nada, sem tudo.
É só vazio, morto, vago
E perde-se no orvalho...
O nada vejo e contemplo
A razĂŁo do nada ser
Tudo o que alcanço é
Esta noite negra e sĂł.
E a manhĂŁ que nĂŁo chega...
E a luz que nĂŁo vem
Aquecer o gelo que me envolve
Derreter o frio de fel...
Nada no nada tem prazer
Nada no nada sabe a mel
Choro, entĂŁo, gotas de orvalho
Que se juntam a outras gotas
E arrefecem a noite
E gelam o meu coração
E treme a minha alma
E tudo sem eu querer.
Vivo suspensa esta noite
Sem sono, sem sonho
Sem mim, sem eu
Sem tudo o que Ă© meu
SolidĂŁo por que nĂŁo foges?
Tristeza por que nĂŁo sais?
VĂŞ se te afastas agora
Ao som destes meus ais
Medo arrepia-me o corpo
EscuridĂŁo nua e crua
Tristeza fria,
Tristeza pura
Oh coração, coração!
A noite nĂŁo mais acaba
SĂł te resta a escuridĂŁo
Oh coração, coração!

aster

O Velho e o Rapaz

Ouvi um dia contar uma histĂłria
Sobre um velho e o seu netinho
O velho era um sábio sem destino
O neto uma criança sem memória.

Procurando algo que comer
Andavam de terra em terra
Fugindo de guerra em guerra
Para nĂŁo ter de sofrer.

Eram pobres, mas felizes
Não tinham bens de perdição
Tinham os bens no coração
E cultivavam as raĂ­zes.

Um era o mestre, outro o aprendiz
Eram os dois uma famĂ­lia numerosa
Um tinha uma alma caridosa
O outro um sorriso feliz.

Nunca tristes os acharam
Sempre tinham o que oferecer
Sem a sua alma vender
E muitos lhes ofertavam.

Descalços de pés andavam
E trapos eram as suas roupas
Tinham coisas muito poucas
Mas sempre de bem estavam.

Um dia o velho morreu
E o rapaz sĂł ficou
Nem por isso o sorriso se apagou
E continuou o caminho seu.

O que o rapaz contava
Muitos paravam para ouvir
HistĂłrias de chorar e de rir
Coisas que a muitos confortava.

O rapaz lembrava sempre
O seu avĂ´ e seu mestre
Que sempre lhe era preste
E lhe fez crescer a mente.

E até a morte o chamar
Muitas vidas fez sorrir
Este rapaz que era o amar
Este velho que era o sentir.

aster

Palavras ao Vento

Porque falar é importante e às vezes temos tanto que dizer, passou-me pela cabeça criar este blog para que todos possam falar. No fundo, isto será um depósito de "palavras ao vento". Aqui tudo é permitido, sem joguinhos nem tabus. Sintam-se completamente a vontade para fazerem os vossos comentáriose... desabafem!! :) Quero que este seja um "lugar" de reflexão e de incursão à alma e ao que vai dentro de nós que somos muito mais que seres, somos pessoas, pois claro!
Abraço forte,

Vera