sexta-feira, dezembro 30, 2005

Hoje Ouvi-te!

Hoje ouvi-te!
Depois desse silĂŞncio ensurdecedor a que nos obrigaste, hoje consegui ouvir-te!
Entre gemidos - de dor ou de prazer –, entre gritos – de desespero ou de excitação -, entre palavras – duras ou suaves -, hoje ouvi-te!
Não entendi muito bem o que querias dizer, talvez não tenha feito esforço para ler nas entrelinhas dessa voz doce e bruta.
Sei que te ouvi repleto de magia, ouvi a música das tuas cordas vocais que me eleva, que me enterra, que me extasia e também me horroriza…
Sei porque conheço cada som, cada acorde dessa voz firme, mas meiga.
E lembro-me somente das palavras finais quando disseste: “Talvez um dia me voltes a ouvir… ou… Talvez seja hoje o último intervalo que fiz no silêncio que é nosso.”

aster

A Tua Prateleira

Arrumaste-me naquela prateleira mais alta e inacessível do teu coração.
Tentaste esquecer e deixaste-me ao pó e à solidão, sem pena…
Fui arrumada entre escombros e lamentos.
E ainda tenho dúvidas se conseguiste aquilo que ansiavas: ESQUECER-ME… Tenho dúvidas se as noites frias de Dezembro já não te lembram o meu cheiro e a minha voz; tenho dúvidas se quando fazes uma viagem já não te lembras do meu riso irreverente face ao exotismo e da minha vontade de provar isto ou aquilo…Será que agora, sem mim, continuas a provar o sabor do mundo? Tenho dúvidas!...

aster

Bom dia!

Bom dia!
NĂŁo respondes?
Por que choras?
Cara triste, olhos sem brilho, corpo sem expressão…
Bom dia!
Para ti parece tudo menos bom dia…
Inventarei formas de desenhar um sorriso nos lábios que vejo? Inventarei forma de devolver o brilho desses olhos? Haverá forma de hoje ser, para ti, um bom dia? Será que vais sorrir se eu contar uma piada ou se fizer uma careta parva?
Gostava que sim, gostava que fosse mais simples terminar com a desolação desse semblante teu!
Bom dia espelho, bom dia!!...

aster

Mundo

Sombras, luzes escuras
Por entre o mundo ingénuo,
Onde não há simplicidade,
Ingenuidade perspicaz
Onde nem sequer há paz.

Fujo, corro, escondo-me…
Tento esquecer o lamento
Do mendigo em qualquer rua
Procuro a falsidade,
A indiferença que traz felicidade.

O que posso esperar aqui?
Valerá a pena sonhar?
Problema, tristeza, ódio…
Rodeiam um coração de dor
Que apenas anseia amor…

aster

Por Momentos...

Assustaste-me por momentos
Quando nĂŁo vi os teus olhos,
Nem ouvi a tua voz
Quando quase se desvanecia o “nós”…

Fiquei meia sĂł, meia perdida
Aqui na escuridĂŁo dos sentidos
Quando nĂŁo davas notĂ­cias
E me ocultavas as carícias…

Mas sorriste novamente,
Voltaste a brilhar em mim.
Vieste e tocaste a fundo
E iluminaste este escuro mundo.

Sei que nĂŁo vais mais sair
Do aconchego do meu peito
Porque já não sei viver
Sem te sentir, sem te ver!

aster