domingo, dezembro 24, 2006

Porque é Natal

Porque é Natal cheira a doces,
Porque é Natal a casa está enfeitada,
Porque é Natal fala-se em dar
E todos se juntam p´ra consoada.

Porque é Natal a fome existe,
Porque é Natal o ódio explode,
Porque é Natal a guerra rompe,
E o mau ímpeto persiste.

Porque é Natal d?o-se presentes,
Porque é Natal dá-se carinho,
Porque é Natal os graúdos
Preocupam-se com os mais meninos.

Porque é Natal há gente triste,
Porque é Natal há muita dor,
Porque é Natal muitos procuram
Só um pouco de amor...

Por que é Natal?

aster

terça-feira, dezembro 19, 2006

A Folha

A folha, já amarelecida, no Outono
Caiu sobre a face esquecida de ti.
Vagueei perto do céu e da terra
Sem meios-termos, bebendo o que vi.

Queda incerta, vaga, leve…
Queda que é ascens?o por excel?ncia
Porque o cair no tempo certo
É sinal de intelig?ncia.

Voas leve sobre mim, folha!
Pousas – suave – no meu ser uno
E, quando partes, levas valor,
Levas o tanto que eu deixo de ser
Para dar numa nova queda
Talvez longe ou mais perto,
Talvez fugaz ou mais lenta
Num ou noutro anoitecer…

E o meu ser já n?o é uno
E o outro ser também n?o.


aster

segunda-feira, novembro 20, 2006

Curiosamente...

Vi-te antes de apareceres,
Deixei-te antes de virar costas...

aster

quinta-feira, setembro 07, 2006

Sobre a Arte...

“A Alegria é a Paz a Dançar e a Paz é a Alegria em Descanso”

(Autor Desconhecido)




Os dias são diferentes quando a simplicidade da alegria de um som, de uma palavra ou imagem nos transmite toda a emoção que necessitamos para sentir.
Alegria, tristeza, raiva, amor… um sem fim de sentimentos partilhados entre quem produz arte e quem examina e observa a mesma; um sem fim de segredos surdos que invadem a vontade de voar, apenas, no sentido que o vento nos leva.
É importante dedicarmos um pouco dos nossos dias fazendo aquilo que nos dá prazer, aquilo que nos mantém vivos, aquilo que dá vida a quem nos rodeia. Porque estar vivo é muito mais que manter o cérebro e o coração activos… estar vivo é aprender e ensinar a cada dia; é receber e dar o que de melhor temos.
E que melhor forma para nos darmos aos outros que não a arte? Que melhor forma de nos perdoarmos, de nos revoltarmos, de nos esquecermos ou de nos lembrarmos que não a criação que sai de nós?
Realmente, cada dia deve ser único porque cada pessoa é, também, única e especial… então, vamos transformar os dias banais através daquilo que nos dá mais prazer e que, duma forma simples, transmite vida e emoção a quem nos rodeia.


aster

Perfeição

Perfeita a Natureza agreste
Trabalhada com perĂ­cia e singeleza,
Que deixa o manto que amanhece
E nos dá todo o sabor da beleza.


Perfeitos os olhos doces teus
Misturados com a cor da paisagem,
Que fazem a visão chegar aos céus
E o sonho tornar-se mais que miragem.


Perfeita a melodia das águas
Sintonizada com o gosto de ouvir,
Que acalma as mais profundas mágoas
E nos ensina a olhar com o sentir.


Perfeita a uniĂŁo entre nĂłs e tudo
Que preenche o ritmo de harmonia,
Quando vemos o véu desnudo
Que inunda o triste de alegria.


aster

sábado, julho 29, 2006

Dá-me a Arte!

Dá-me a Arte de poder amar-te,
Dá-me a Arte de te respirar a cada dia!
Deixa-me escrever-te, com pena intensa,
Poder mostrar-te a tua minha alegria.

És o fundo da minha criação transparente,
És paixão, fogo, grito, assombro acordado
Que recordo nas palavras incertas
Com que pinto mais esse nosso novo quadro.

Dá-me a razão de não ter sequer razão,
Dá-me o desejo de te pintar num texto singelo
Que descreva o brilho desse olhar inquieto
Que torna o horrĂ­vel extremamente belo!

Dá-me, enfim, a Arte de contemplar quem tu és,
Dá-me, somente, quem eu sei que irás ser!
Porque o medo de criar nĂŁo Ă© mais do que cobardia,
Que nos faz, lentamente, deixar de viver…
aster

terça-feira, abril 25, 2006

Liberdade!

Nasci livre!
Nasci livre no amor,
Livre na paz, livre na dor…
Nasci livre!
Nasci livre na razĂŁo
E livre, também, no coração.

Como que luz radiante
Entre trevas de sufoco
Surge a palavra que deu
A vida ao corpo meu…

E canto:
Liberdade!
E segredo ao teu ouvido:
Liberdade!
Num sopro quase inocente
Que esconde a realidade!

Acorrentem tudo o que é meu…
Tornem-me longe do céu…
Mas nĂŁo me vĂŁo poder tirar
É a Liberdade de Amar!

aster

domingo, abril 02, 2006

Aprendiz de Poeta

Sou aprendiz de poeta
E trago a alma aberta
Ă€ espera de encontrar
Solução para todos os medos
E procuro os desejos
Que se escondem no alto-mar.

Sou aprendiz de poeta
Seguro a pena inquieta
E deixo palavras fluir…
Procuro neste mundo
O sentimento mais fundo,
Que me ajude a descobrir.

NĂŁo tenho talento
Nem Ă© este o meu sustento
Mas escrevo e sou feliz…
Palavras mil sĂŁo estas
Que constroem as arestas
E isto Ă© tudo o que fiz.

Escrevo a vida, o mundo
E mergulho no seu fundo
Na imensidão do pensar…
Fico, assim, acordada
A alma está carregada
De sentimentos p´ra dar…

aster

sábado, março 04, 2006

Fumo

Acordas atordoado
E pensas que nĂŁo consegues.
Viraste p´ro outro lado.
Entra um raio no fundo
De um sol adormecido
E sentes-te incapaz…

Pegas num livro qualquer
Tentas nĂŁo pensar.
Finges nĂŁo entender
A vontade que te mata,
Que te rĂłi o corpo inteiro
E teima em tirar-te a paz.

Mas a prenda do teu desejo,
Se um dia se concretizar,
Será mais doce que o beijo,
Mais belo que toda a arte,
Mais perfeita que o luar
Qual elo que não se desfaz…

aster

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Amar-te Assim

Amar-te assim, sem pressa
Com a noção apagada em sombra…
Não é a outra! É agora, é esta!
Mesmo que a noite traga penumbra.

E querer sĂł mais um dia
Mais outro e outro, eternamente…
E esquecer tudo o que se queria,
Vivendo este amor plenamente.

Pelo caminho seguindo a luz
Que surge no túnel do teu abraço,
Na doçura do beijo que me seduz
E no abrigo que é o teu regaço.

E quando acaba a amargura,
A que o mundo nos habituou,
Torna-se boa a loucura
Que longe daqui nos encontrou…

domingo, fevereiro 05, 2006

Perdido no Meu Achado

Rasgo-te e trago-te até mim
Imenso, cheio de nada
E, por fim,
Vazio de tudo o que Ă© teu.

Peço-te um desejo profundo
Maio que o céu ou o mar,
Maior que o mundo
Que vejo, que sinto, que cheiro.

Entrego-te a ti na noite
Escura de luz e de arte
Tiro do amor a parte
Que dĂłi,
Que esmaga,
Que rĂłi
E sigo mais um dia a lado
Contigo perdido no meu achado…


aster

A Lembrança de TI

Calmamente, abri a janela na esperança que, do outro lado, permanecesse um leve sorriso teu. Medi todos os meus gestos, como se fosse a última vez que tivesse a oportunidade de mover-me.
À lembrança, já cansada, vêm as palavras que proferiste quando inventaste a ideia da nossa solidão…foste cruel e duro…nem sequer olhaste nos meus olhos, nem sequer te interrogaste sobre o meu estado ao ouvir-te dizer que sentias o desgaste que te destruía vezes sem conta. Mas o amor, porventura, sofre desgaste? Achas mesmo que os sentimentos puros e verdadeiros (como os nossos) se esfumam como se de uma onda efémera se tratasse?
Enfim…impuseste-me a dor aguda com um molho de palavras amargas. Impuseste tudo aquilo que eu pensei que, ao teu lado, nunca poderia sentir.
Ficou o pó, a solidão… e isto é a lembrança completa que existe em mim da pessoa que ainda amo e que és tu.

aster

quinta-feira, janeiro 19, 2006

O Tempo do Teu Amor

Subtilmente, arrastei os membros até ao cadeirão de todos os sonhos – bons, maus e até péssimos…
Sentia a dor entranhar-se pelos ossos fartos de resistir e cada vez mais fracos… Estava sozinha novamente e essa solidão doía mais do que todas as outras bofetadas que a vida um dia me havia dado. Era o sentimento “estar só” que me atormentava, que já não deixava os meus movimentos decorrerem de forma casual. Até o meu respirar já era pensado e, minuciosamente, articulado como se nunca tivesse tido a sensação de respirar espontaneamente.
Mas era essa a memória do tempo do “espontaneamente” que despertavam em mim o choro seco no seio de um olhar inerte, sem cor e sem perspectiva.
Farejei o odor do pó acumulado sobre os móveis antigos, farejei no ar ainda um velho perfume da memória que eu cismava em querer apagar, queimar, destruir, afastar para longe… A memória era ferida regada com álcool etílico do mais puro e esmigalhava-me todos os sentidos, mesmo os mais adormecidos e inúteis.
Aparentemente, nem um raio de sol ou um céu límpido de Maio poderiam ofertar um sorriso tolo às minhas entranhas.
O “tempo espontâneo” onde estava? Onde estava aquele sorriso ingénuo e quase absurdo?
Cansava o ímpeto com perguntas estranhas, meras retóricas sem qualquer feição elucidativa.
Mas no fundo, bem sabia que tudo se resumia a uma questĂŁo que eu temia fazer a mim mesma: Onde estaria o tempo do teu amor?

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Relembra-me a MemĂłria Esquecida

Relembra-me o passado incerto, cheio de coisas mal ditas ou malditas… Relembra-me o tempo em que fui a pior das pessoas, em que te fiz feliz (talvez…), mas em que me senti tão mal que não conseguia ver a minha imagem reflectida no espelho. Continua a relembrar-me todos os subúrbios do meu coração, onde nada mais ficou senão a memória que teimas trazer-me.
E o que farei das recordações aos pedaços com que me presenteias a cada dia? O que vou fazer com a escuridão que, dia após dia, teimas em impor perante a minha indiferença acesa?
Nada mais posso fazer do que colocar tudo isso num buraco muito fundo do meu ser, onde nada do que faças, digas ou tentes possa causar qualquer embaraço.
Relembra-me apenas a memória já esquecida!