segunda-feira, outubro 10, 2005

Perdeste...

Perdeste-me entre palavras de dor
Nada ficou no meu lugar
Que pudesse fazer lembrar
O tempo em que te dei amor

Perdeste-me entre gestos cruéis
E nada do que possas dizer
Vai fazer voltar a aparecer
Os dedos em vez dos anéis.

Perdeste-me entre memĂłrias de fumo
E nada te vai fazer pensar
Como costumavas amar
Quando éramos um só mundo…

aster
Bebi o veneno que me deste
Mas sabia que era veneno o que me ofereceste.

Vieste belo com passos subtis
Deste-me um cálice com licor azul
Sabia que me queria ver morta,
Sabia que nĂŁo me querias aqui
E, para te fazer a vontade,
Peguei no cálice e bebi.

Uma dor percorreu-me o corpo
Desmaiei e tu olhavas-me
Foi o veneno azul da morte
Que me ofereceste na noite fria
E sorriste enquanto dizias:
“Este licor é uma maravilha!”

E viste a respiração a partir
E os meus olhos fecharem
Sem forças sucumbi no chão duro
E nem um beijo de adeus vieste dar
Viraste costas e saĂ­ste
Como se nada se estivesse a passar.

Bebi o veneno que me deste
Mas sabia que era veneno o que me ofereceste.

aster

Nunca me soubeste dar...

A brisa levou-me o cabelo negro
Senti o frio no rosto e no peito
Parti dali
Fui buscar um pouco de calor,
Talvez um pouco de amor
Que nunca me soubeste dar.

Perdi-me na escadaria dos porquĂŞs,
Encontrei-me na esteira da dĂşvida
E dormi com o ciĂşme como companhia
SĂł queria uma palavra doce,
Um beijo, por mais falso que fosse,
Mas tu nunca me soubeste dar.

Colhi mil flores de mil perfumes,
Abri os jardins do pensamento
E entrei nos pátios que não conheces
Talvez para me perder
Ou, simplesmente, para esquecer
Tudo o que nunca me soubeste dar.

aster