Subtilmente, arrastei os membros até ao cadeirão de todos os sonhos – bons, maus e até péssimos…
Sentia a dor entranhar-se pelos ossos fartos de resistir e cada vez mais fracos… Estava sozinha novamente e essa solidĂŁo doĂa mais do que todas as outras bofetadas que a vida um dia me havia dado. Era o sentimento “estar só” que me atormentava, que já nĂŁo deixava os meus movimentos decorrerem de forma casual. AtĂ© o meu respirar já era pensado e, minuciosamente, articulado como se nunca tivesse tido a sensação de respirar espontaneamente.
Mas era essa a memória do tempo do “espontaneamente” que despertavam em mim o choro seco no seio de um olhar inerte, sem cor e sem perspectiva.
Farejei o odor do pĂł acumulado sobre os mĂłveis antigos, farejei no ar ainda um velho perfume da memĂłria que eu cismava em querer apagar, queimar, destruir, afastar para longe… A memĂłria era ferida regada com álcool etĂlico do mais puro e esmigalhava-me todos os sentidos, mesmo os mais adormecidos e inĂşteis.
Aparentemente, nem um raio de sol ou um cĂ©u lĂmpido de Maio poderiam ofertar um sorriso tolo Ă s minhas entranhas.
O “tempo espontâneo” onde estava? Onde estava aquele sorriso ingénuo e quase absurdo?
Cansava o Ămpeto com perguntas estranhas, meras retĂłricas sem qualquer feição elucidativa.
Mas no fundo, bem sabia que tudo se resumia a uma questĂŁo que eu temia fazer a mim mesma: Onde estaria o tempo do teu amor?
quinta-feira, janeiro 19, 2006
segunda-feira, janeiro 16, 2006
Relembra-me a MemĂłria Esquecida
Relembra-me o passado incerto, cheio de coisas mal ditas ou malditas… Relembra-me o tempo em que fui a pior das pessoas, em que te fiz feliz (talvez…), mas em que me senti tão mal que não conseguia ver a minha imagem reflectida no espelho. Continua a relembrar-me todos os subúrbios do meu coração, onde nada mais ficou senão a memória que teimas trazer-me.
E o que farei das recordações aos pedaços com que me presenteias a cada dia? O que vou fazer com a escuridão que, dia após dia, teimas em impor perante a minha indiferença acesa?
Nada mais posso fazer do que colocar tudo isso num buraco muito fundo do meu ser, onde nada do que faças, digas ou tentes possa causar qualquer embaraço.
Relembra-me apenas a memória já esquecida!
E o que farei das recordações aos pedaços com que me presenteias a cada dia? O que vou fazer com a escuridão que, dia após dia, teimas em impor perante a minha indiferença acesa?
Nada mais posso fazer do que colocar tudo isso num buraco muito fundo do meu ser, onde nada do que faças, digas ou tentes possa causar qualquer embaraço.
Relembra-me apenas a memória já esquecida!
Subscrever:
Mensagens (Atom)